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De acordo com Lopes, na América Latina os estudos vinculados à Educação
para os Meios nos anos 1980 foram constituídos como uma linha de trabalho mais
de denúncia que pedagógica, pois, eram herdeiros diretos dos estudos críticos
de comunicação da década de 1970, desenvolvidos em sua maioria sob uma
perspectiva teórica da Escola de Frankfurt. Combinava-se de uma lado a rejeição
pela indústria cultural e por outro uma concepção essencialista de cultura
popular, como um conjunto de manifestações a ser preservado e protegido. Os
meios de comunicação foram tidos quase sempre como maléficos, e deveriam ser
combatidos.
Nos anos 1980 ocorreu uma mudança de perspectiva. A Educação para os
Meios mudou seu foco para experiências educativas com os receptores, a partir
de família, escola, bairro etc. O rompimento com a perspectiva dos anos 1970 se
deu devido à crítica em que nos países periféricos apenas absorviam e aplicavam
as teorias empíricas dos países centrais, não levando em conta o contexto e as
singularidades de cada situação específica.
Perspectiva da recepção: mediações e cotidiano
A partir dos anos 80, a
pesquisa de recepção na América Latina mudou sua perspectiva
teórico-metodológica. Esta perspectiva buscou superar as limitações de modelos
como os da pesquisa dos efeitos, pesquisa de audiências, estudos de crítica
literária etc; para um modelo renovador e original. Este novo modelo buscou organizar as tentativas
interdisciplinares e de multimétodos numa teoria mais compreensiva, respondendo
às demandas de complexidade e de crítica. Esta nova abordagem se apoia nas
perspectivas das mediações e do cotidiano.
A mediação deve ser entendida como o processo estruturante que configura
e reconfigura tanto a interação dos membros da audiência com os Meios. Ou seja,
a relação dos receptores com os meios de comunicação é multilateral e
multidimensional. Ademais, a recepção é tida como um processo e não mais como
um momento. E, por fim, o significado de um Meio é negociado pelos receptores,
ou seja, não existe garantia de que os significados propostos por uma
telenovela sejam apropriados da mesma maneira pelos receptores. Concluindo que
o processo de comunicação não se conclui com a sua transmissão, mas é iniciado
ali.
Outro aspecto que merece atenção nas pesquisas de recepção é o conceito
de cotidiano. O cotidiano é uma dimensão a ser apreendida por pesquisa e
análise, conferindo novos sentidos ou influenciando a própria maneira pela qual
são entendidos e apreendidos. “Sobretudo
no que diz respeito às manifestações dos grupos, à vida cotidiana e às redes de
lazer, é possível afirmar que as utilizações da cultura transbordam os sentidos,
extrapolam a lógica da produção, criando formas não previstas pela indústria
cultural.”
Recepção e Educação para os meios
1-
Pesquisas
de recepção que produzem novos conhecimentos sobre os processos de recepção
-> explorar este conhecimento de maneira produtiva, de forma a ser aplicado
nos trabalhos de educação para os meios.
2-
Ampliação
da função principal da pesquisa de recepção -> não somente alimentar e
avaliar a Educação para os meios, mas possibilitar processos de
indagação/conhecimento coletivos das mediações e seus padrões de articulação.
3-
Educação
para os Meios como linha de pesquisa.
Atualmente, o processo de
recepção tem novas premissas, sendo visto para além da relação sujeito-Meios.
Esta perspectiva deve ser integrada à Educacão para os Meios, para dar maior
fundamento aos programas pedagógicos da área de comunicação.
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