quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Censura não é educação



Maria Cristina Castilho Costa


O artigo é um dos resultados de dois projetos de pesquisa de Maria Cristina, para estudar o teatro em São Paulo e a censura, reconstruindo sua história e analisando a interferência da censura nessa produção. A pesquisa teve início em 2002, junto ao arquivo Miroel Silveira, sob a guarda da Biblioteca da Escola de Comunicação e artes da USP. O objetivo do artigo é contribuir com o que já foi revelado na pesquisa, a respeito de como se realizava a censura quando ela estava a cargo de um órgão oficial do Estado.  

Miroel Silveira
Nascido em São Paulo, em 1914, Miroel Silveira foi escritor, poeta, tradutor, crítico literário, diretor e professor de teatro. O seu contato com diversas áreas culturais proporcionou o contato com o Departamento de Diversões Públicas do Estado de São Paulo, para onde eram encaminhada as peças para censura prévia dos textos e liberação para apresentação pública.
A coleção é constituída de 6.137 processos de liberação de peças teatrais, encaminhadas à Divisão de Censura do DDP/SP, entre 1930 e 1970, com tosos os pareceres, carimbos, vetos e cortes dos censores. 


As restrições e cortes 
Ordem religiosa: Eram eliminadas qualquer menção a Deus e aos santos católicos, fazendo defesa da Igreja Católica e de sua doutrina.
Moral: Palavras de apelo sexual e palavrões.
 Política: Nomes de países e governantes.
Social: Menção a conflitos entre grupos e classes sociais.

 Consequências que a censura trouxe para arte
A censura prévia ao teatro não existe desde 1988, quando foi abolida pela constituição. Hoje, os principais alvos dela são os meios de comunicação de massa. A dificuldade dos indivíduos, grupos os instituições em lidar com a diferença, conflito, questionamento e crítica, que consideram seus interesses mais importantes que o direito da sociedade à informação, leva ao desejo que o Estado interfira, evitando a oposição, o confronto e a avaliação de julgar por si mesmo. A autora defende que “a única medida para combater abusos por parte da mídia, é a educação do público, o julgamento e o exercício da cidadania para rejeitar e recusar aquilo que se considera pernicioso ou abusivo”. 

Censura não é educação, um recado para o professor:
“A educação pode formar um público exigente e rigoroso, capaz de desligar a televisão quando ela estiver exibindo programas de má qualidade, de não assistir filmes cujos valores sejam duvidosos. Por isso defendemos tanto que a arte e os meios de comunicação sejam objetos precípuos da educação formal e informal”.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário