Maria Cristina Castilho Costa
O artigo é um dos resultados de dois
projetos de pesquisa de Maria Cristina, para estudar o teatro em São Paulo e a
censura, reconstruindo sua história e analisando a interferência da censura
nessa produção. A pesquisa teve início em 2002, junto ao arquivo Miroel
Silveira, sob a guarda da Biblioteca da Escola de Comunicação e artes da USP. O
objetivo do artigo é contribuir com o que já foi revelado na pesquisa, a
respeito de como se realizava a censura quando ela estava a cargo de um órgão
oficial do Estado.
Miroel Silveira
Nascido em São Paulo, em 1914, Miroel
Silveira foi escritor, poeta, tradutor, crítico literário, diretor e professor
de teatro. O seu contato com diversas áreas culturais proporcionou o contato
com o Departamento de Diversões Públicas do Estado de São Paulo, para onde eram
encaminhada as peças para censura prévia dos textos e liberação para
apresentação pública.
A coleção é constituída de 6.137
processos de liberação de peças teatrais, encaminhadas à Divisão de Censura do
DDP/SP, entre 1930 e 1970, com tosos os pareceres, carimbos, vetos e cortes dos
censores.
As restrições e cortes
Ordem religiosa: Eram eliminadas qualquer menção a Deus e aos santos católicos, fazendo
defesa da Igreja Católica e de sua doutrina.
Moral: Palavras
de apelo sexual e palavrões.
Política: Nomes de países e governantes.
Social: Menção
a conflitos entre grupos e classes sociais.
Consequências que a censura trouxe para arte
A censura prévia ao teatro não existe
desde 1988, quando foi abolida pela constituição. Hoje, os principais alvos
dela são os meios de comunicação de massa. A dificuldade dos indivíduos, grupos
os instituições em lidar com a diferença, conflito, questionamento e crítica,
que consideram seus interesses mais importantes que o direito da sociedade à
informação, leva ao desejo que o Estado interfira, evitando a oposição, o
confronto e a avaliação de julgar por si mesmo. A autora defende que “a única medida para combater abusos por
parte da mídia, é a educação do público, o julgamento e o exercício da
cidadania para rejeitar e recusar aquilo que se considera pernicioso ou abusivo”.
Censura não é educação, um recado para o professor:
“A educação pode formar um público exigente e rigoroso, capaz de desligar
a televisão quando ela estiver exibindo programas de má qualidade, de não
assistir filmes cujos valores sejam duvidosos. Por isso
defendemos tanto que a arte e os meios de comunicação sejam objetos precípuos
da educação formal e informal”.
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